Caro Dom Luciano
Pubblicato il 15-02-2012
Versione portoghese
Caro Dom Luciano, há um ano, em 27 de agosto de 2006 às 18.10, Você nos deixava. Passou-se um ano, mas Você permaneceu no meu coração, na mente e no alento. Você não se tornou uma recordação, permaneceu uma presença. O teu olhar, o sempre estar absorto em Deus todavia sempre presente para nós, para mim, desde aquele 15 de janeiro de 1988, dia de nosso primeiro encontro, agora são fatos estabelecidos para sempre. |
Mas falar de Você é difícil. As palavras não bastam, podem até dificultar. Como falar do vento? Não se pode parar o vento, mas ele te esquenta e te refresca. Cada palavra a mais poderia estragar aquele calor e aquele frescor. Assim é com Você: somente o silêncio, os pensamentos íntimos podem te explicar. Você foi e é a carícia mais preciosa que o Senhor me doou. Tive milhares de encontros fantásticos, belos, profundos, mas o encontro com Você tornou-se um alento, um vento que sempre me acompanhou e que continua. |
Quando Você intuía que algo poderia dar-me prazer, já estava feito. Assim também acontecia comigo. Quando a gente se torna amigo é realmente assim, tem-se a sensação que o outro possa fazer de nós aquilo que quiser e não é uma sensação vaga, é um fato que nós dois experimentamos entre nós milhares de vezes. Uma vez te pedi vir do Brasil para encontrar-se com um amigo meu no cárcere de Pisa. E Você: ´´Estou pronto!´´. Tenho a certeza que poderia te ter feito a mesma solicitação mil vezes e Você teria sempre respondido da mesma forma. A fim de fazer algo que pudesse dar-me prazer ou ajudar-me a resolver algum problema sério e urgente, Você era capaz de perder o avião ou de adiar um compromisso importante sem nem mesmo deixar que eu notasse. Falar com Você não era difícil; mesmo quando Você era o Presidente da Conferência Nacional dos Bispos Brasileiros (CNBB), te ouvir ou falar com Você era a coisa mais simples do mundo. Você estava disponível para qualquer um, sobretudo para os pobres. O teu coração e a tua mente eram plasmados verdadeiramente sobre o Evangelho e creio que escolhendo-te Jesus fez-se um presente especial. Você era de tal forma abandonado em Deus, de tal forma abandonado aos outros, que os outros e Deus com Você estavam bem. Quando falo de Você a retórica não existe. Quando falo de Você, penso em Você e ao pensar, a tua recordação me ajuda a não perder tempo, a fazer melhor aquilo que estou fazendo. Pensando em Você se torna fácil para mim limpar o chão ou recolher um pedaço de papel porque te vi fazendo isto. Quando consigo ouvir uma pessoa que não conta para o mundo, ou é inoportuna, é porque aprendi isto com Você, te vi fazendo isto. Gostaria Dom Luciano que todo o mundo te conhecesse, porque te conhecendo conheceriam a Jesus, conheceriam ao Pai, porque basta pensar em Você – como me escreveu o Cardeal Martini em uma carta faz alguns dias – que vem a serenidade, Você serena. Gostaria que tantos te conhecessem não porque Você é um mito, não porque um santo – embora Você seja mesmo santo – mas porque Você é uma bela pessoa e as belas pessoas trazem serenidade, trazem paz, ajudam a encontrar de forma maior o sentido da vida. Desde que te conheci, dizer a Você que te queria bem me deu sempre segurança. Faz um ano que desta parte te repito com freqüência: ´´ Dom Luciano, te quero bem´´, e te ouço me responder como sempre “Também eu te quero bem!”. |
Ernesto Olivero
da Nuovo Progetto agosto-settembre 2007 |